A companhia aérea de bandeira da China, Air China, confirmou a compra por menos de 10,8 mil milhões de dólares (10,076 milhões de euros) de 100 unidades do C919, avião de passageiros desenvolvido por uma estatal chinesa.
Num comunicado enviado à bolsa de Hong Kong, onde está cotada, a empresa confirmou o acordo e precisou que estes 100 aparelhos serão entregues em lotes entre 2024 e 2031 pelo construtor estatal chinês Comac.
No final de abril, a companhia aérea já tinha adiantado esta encomenda, avaliada em 10,8 mil milhões de dólares, mas negociou um desconto com a Comac, cujo montante não foi divulgado, para além de afirmar que se trata de um acordo “justo e razoável”.
O avião, concebido para rivalizar diretamente com o Boeing 737 e o Airbus A320, é a grande aposta da China no setor aeroespacial, uma vez que se insere no segmento dos aviões de fuselagem estreita, que representa atualmente mais de metade dos aviões comerciais em atividade no mundo.
O C919, que demorou mais de 14 anos a ser desenvolvido, fez o seu primeiro voo comercial em maio de 2023, operado pela companhia estatal China Eastern, à qual foram entregues as primeiras quatro unidades, que já transportaram dezenas de milhares de passageiros em rotas que ligam Xangai (leste) a Chengdu (centro) e Pequim.
O avião pode acomodar entre 158 e 192 lugares e tem um alcance entre 4.075 e 5.555 quilómetros. As autoridades do país pretendem atingir uma quota de 10% do mercado da aviação comercial do país até 2025, tendo já recebido mais de mil encomendas, principalmente de companhias aéreas chinesas.
A Administração da Aviação Civil da China (CAAC) afirmou no início deste ano que vai “promover” o reconhecimento internacional do C919 com o objetivo de obter certificações de organismos como a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA).
A Comac afirmou no ano passado que o seu objetivo é produzir cerca de 150 destes aviões por ano durante os próximos cinco anos.
Embora utilize componentes ocidentais, o C919 representa o esforço da China para reduzir a sua dependência dos fabricantes estrangeiros em termos de tecnologia aeronáutica, e o objetivo a longo prazo é desenvolver uma cadeia de abastecimento totalmente autóctone.