O ministro da Defesa destacou hoje o retorno financeiro para Portugal do investimento feito nas aeronaves KC-390, produzidas pela brasileira Embraer e que incorporam tecnologia nacional, salientando que cada unidade vendida “significa 10 milhões de lucro” para o país.
“Cada aeronave vendida significa 10 milhões de lucro para o Estado português por causa desta parceria, por causa do trabalho em engenharia e conceção também da Força Aérea Portuguesa, e por causa desta certificação que tem a ver com a NATO”, realçou Nuno Melo.
Estes dados foram adiantados pelo governante à margem da cerimónia de certificação das aeronaves KC-390 da Força Aérea Portuguesa, com a entrega de certificados emitidos pela Autoridade Aeronáutica Nacional.
Em 2019, Portugal acordou adquirir à brasileira Embraer cinco aeronaves KC-390 e um simulador, tendo já sido entregues duas, com o objetivo de substituir os Hercules C-130, por um valor de 850 milhões de euros.
No âmbito deste processo foram introduzidas modificações à aeronave para a adequar aos requisitos estabelecidos pelas alianças das quais Portugal faz parte, nomeadamente a NATO, Nações Unidas e União Europeia, que implicam “comunicações seguras, determinados sistemas de navegação aérea e sistemas que permitam o conhecimento situacional dos teatros de operação”.
Estas modificações, agora certificadas, fazem com que as aeronaves possam ser adquiridas por outros países membros da NATO ou União Europeia, com lucro para o Estado português.
“Este é um exemplo de excelente criação e aproveitamento de sinergias entre parceiros privados e públicos, nacionais e internacionais, conglomerando valências e conhecimento para a concretização de um objetivo comum. Atrevo-me quase a dizer que nós temos aqui, porventura, uma das mais virtuosas alianças que une os dois lados do Atlântico naquilo que tem a ver com as indústrias de Defesa através da Força Aérea”, elogiou o ministro.
Nuno Melo quer ver este exemplo replicado no futuro, nomeadamente, com a compra das aeronaves A-29 “Super Tucano”, investimento incluído na proposta de Orçamento do Estado para 2025.
“Esperamos que no futuro possamos ter igual sucesso porque isso significa postos de trabalho, riqueza, equipamento de altíssima qualidade na Força Aérea e um exemplo que Portugal dá ao mundo inteiro”, salientou.
O KC-390 é um avião de transporte militar multifacetado, com valências que vão desde o combate a incêndios florestais, a realização de operações de busca e salvamento, evacuações médicas e missões de ajuda humanitária. Recentemente, foi utilizado para a missão de repatriamento de cidadãos portugueses residentes no Líbano.
O chefe do Estado-Maior da Força Aérea também destacou que as modificações desenvolvidas pelo ramo nesta aeronave permitiram que este avião militar “alargasse e aguçasse o apetite em toda a Europa” de parceiros como Países Baixos, Áustria ou República Checa.
O general Cartaxo Alves afirmou que este foi “o primeiro projeto de Defesa em Portugal que, pela primeira vez, ao englobar não só o tecido científico nacional, a indústria nacional, criou valor”.
“E criou valor porque este é um projeto que se vai pagar a ele mesmo. Já hoje, aquilo que o Estado português gastou na altura e que ficou definido na resolução de Conselhos de Ministros, os 850 milhões de euros, neste momento já não é esse valor. A amortização tem vindo a acontecer ao longo dos tempos e vai continuar a acontecer por cada aeronave vendida e por cada sistema de certificação que for utilizado ou que for definido pelos clientes futuros”, realçou.
Nuno Melo foi ainda questionado sobre uma notícia avançada pela SIC que dava conta de um aumento de 136% na rubrica de deslocações e estadias do Ministério da Defesa, inscrita na proposta de Orçamento do Estado para 2025.
O ministro reconheceu que houve “um lapso” e que 13,2 milhões de euros que estão destinados à manutenção das aeronaves C-295 foram inscritas “por engano” na rubrica relativa a deslocações e estadias – que inclui viagens do Governo mas também deslocações de militares dos três ramos para missões, por exemplo.
“O aumento não foi de 136%, foi apenas de 37%. O que significa que o valor nesta rubrica de deslocações e estadias não é de 31,6 milhões mas sim 18,4 milhões de euros”, afirmou.