As autoridades da aviação civil da Somália ameaçaram suspender todos os voos da Ethiopian Airlines para o seu território devido a um diferendo territorial, noticiou hoje a imprensa oficial somali.
A Etiópia, país sem saída para o mar, assinou este ano um memorando de entendimento que prevê arrendar 20 quilómetros de costa na região separatista da Somalilândia, no golfo de Aden, pelo período de 50 anos.
As autoridades da Somalilândia declararam que, em troca deste acesso ao mar, a Etiópia tornar-se-á o primeiro país a reconhecê-los oficialmente, o que nenhum outro fez desde que este pequeno território de 4,5 milhões de habitantes proclamou unilateralmente a sua independência da Somália em 1991.
Adis Abeba ainda não confirmou se reconhece ou não a Somalilândia.
A Autoridade da Aviação Civil da Somália (SCAA, na sigla inglesa) decidiu que a Ethiopian Airlines, a maior companhia aérea estatal de África, não respondeu às queixas somalis sobre “questões de soberania” relacionadas com a Somalilândia, que não é reconhecida por Mogadíscio.
Numa carta, publicada pelos meios de comunicação oficiais, a SCAA acrescentou que, se estas questões não fossem resolvidas até 23 de agosto, suspenderá “todos os voos da Ethiopian Airlines para a Somália a partir dessa data”.
A carta acrescentava que a SCAA tinha também “recebido um número crescente de queixas do público somali sobre as suas experiências de viagem com a Ethiopian Airlines”.
Outra carta foi enviada à Fly Dubai, a companhia aérea estatal dos Emirados Árabes Unidos.
Na missiva, a SCAA especifica que a companhia aérea deve resolver as “violações graves” e oferecer uma “representação exata do destino” na Somália nos seus serviços de reserva de bilhetes.
A SCAA afirma que se a companhia aérea não responder aos seus pedidos até 24 de agosto, a Fly Dubai verá retirada a sua licença para operar na Somália”.
Estas cartas foram enviadas na sequência de conversações indiretas entre a Somália e a Etiópia, sob a égide da Turquia, cujo ministro dos Negócios Estrangeiros, Hakan Fidan, referiu “progressos notáveis” no início deste mês.
Região relativamente estável em comparação com o resto da Somália, que vive no caos há três décadas, a autoproclamada república da Somalilândia tem as suas próprias instituições, imprime a sua própria moeda e emite passaportes, mas a falta de reconhecimento internacional mantém-na num certo isolamento.
Continua a ser pobre, apesar da sua localização estratégica na margem sul do golfo de Aden, numa das rotas comerciais mais movimentadas do mundo, à entrada do estreito de Bab-el-Mandeb, que conduz ao mar Vermelho e ao canal do Suez.