O regulador aéreo dos Estados Unidos abriu uma investigação a eventuais falhas de segurança nos aviões Boeing 787 Dreamliner, após denúncias de um antigo engenheiro da fabricante de aeronaves norte-americana Boeing.
A Agência Federal da Aviação (FAA, na sigla em inglês) dos EUA disse na segunda-feira que a investigação vai tentar apurar se a Boeing realizou corretamente as inspeções obrigatórias relativas à fuselagem “em certos aviões 787”.
O regulador afirmou que irá “investigar se a Boeing realizou as inspeções e se os funcionários da empresa podem ter falsificado documentos relacionados com a aeronave”, de acordo com um email citado pela agência de notícias France-Presse.
A investigação aconteceu depois da fabricante ter informado a FAA, em abril, de que “pode não ter realizado as inspeções exigidas”.
A agência disse que a Boeing vai ter de voltar a inspecionar “todas as aeronaves 787 ainda em produção e deve também desenvolver um plano para a frota em serviço”, mas não esclareceu se os 787 Dreamliner já em operação devem ser recolhidos para inspeção.
O regulador deu à empresa três meses para apresentar um plano para resolver “questões sistemáticas de controle de qualidade”.
Em meados de abril, o Congresso dos Estados realizou uma audiência sobre as denúncias de um antigo engenheiro da Boeing de que cerca de 1.400 aeronaves da empresa apresentavam falhas de segurança significativas.
Sam Salehpour terá enviado à FAA documentos a alegar que a fuselagem dos Boeing 787 estava mal montada e em risco de quebra em pleno voo, devido a mudanças que a Boeing fez no processo de união das diferentes partes da fuselagem.
O fabricante aeronáutico, já a braços com uma acentuada crise resultante de graves problemas de qualidade dos aparelhos 737 MAX, negou que as mudanças de produção tenham tido impactos negativos na segurança do Boeing 787 Dreamliner.
Em março, outro ex-funcionário da Boeing John Barnett, que tinha denunciado alegadas más práticas na fábrica onde se produz o 787, suicidou-se.
A nova investigação da FAA veio somar-se a outras já iniciadas ao processo de produção do 737 MAX.
No final de março, o conselheiro-delegado da Boeing, Dave Calhoun, nomeado em 2020 para corrigir os problemas, anunciou que vai sair do cargo no final do ano, depois de uma série de incidentes com vários modelos.
O mais grave ocorreu em janeiro, quando um painel que cobria o espaço de uma porta de emergência de um Boeing 737 Max-9 da transportadora Alaska Airlines se desprendeu pouco depois de ter levantado voo.
O incidente, que não causou feridos, iniciou uma série de novas investigações às operações da Boeing por parte da FAA, que descobriram graves irregularidades.
A Boeing teve um prejuízo de 343 milhões de dólares (quase 321 milhões de euros) no primeiro trimestre, ainda assim menor do que no mesmo período de 2023.