A companhia Bestfly, concessionária dos voos interilhas em Cabo Verde, suspendeu as ligações, sem previsões de regresso, de acordo com informação disponibilizada hoje à Lusa, aos balcões da empresa.

“Não há bilhetes” para nenhuma ilha e “não se sabe” quando voltará a haver, é a indicação dada a quem tenta reservar um voo ao balcão no aeroporto internacional da capital, Praia, acrescentando que as últimas viagens foram feitas no sábado.

A informação surge após vários meses de constrangimentos nos voos, com cancelamentos e atrasos, por falta de aviões.

No final de fevereiro, face aos problemas e às queixas da população, a companhia estatal Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), dedicada aos voos internacionais, alugou aviões à Air Senegal e começou a operar entre as ilhas.

Na altura, a entrada no mercado interno foi anunciada como “complementar” à Bestfly, mas agora acaba por ser a única operação doméstica no arquipélago e através da qual é possível comprar bilhetes na Internet.

Por seu lado, no portal na Internet para Cabo Verde, a empresa angolana Bestfly deixou de publicar os horários de voos, com um aviso: “Estamos a reprogramar os nossos voos, tendo em conta a entrada em linha dos nossos aviões, que estão em manutenção”.

A companhia diz que está também a ajustar “os slots [vagas]”, de acordo com “a abertura dos aeroportos da Praia e do Sal, devido a obras”.

A TACV já anunciou, entretanto, um reforço de operação para servir as festas anuais da ilha do Fogo, no final de abril.

A Lusa tem tentado obter mais esclarecimentos por parte da Bestfly e das autoridades cabo-verdianas, mas sem resposta.

A 26 de fevereiro, um dia antes de a TACV entrar nos voos interilhas, a companhia angolana Bestfly lamentou, em comunicado, “os desafios que a operação da TICV [Transportes Interilhas de Cabo Verde, designação oficial] tem verificado”.

Na altura, disse que havia previsão de “estabilizar as operações até meados de junho”, sem mais detalhes.

Na mesma altura, o ministro do Turismo e Transportes, Carlos Santos, reconheceu os “solavancos” que têm acontecido nos transportes [aéreos] interilhas, justificando-se com a “crescente” procura turística, mas também pela “fraca capacidade” da Bestfly.

“Notamos que há esse desencontro entre a oferta e a procura, por isso, o Governo já deu luz verde a uma proposta de reforço da oferta dos voos interilhas apresentada pela TACV, para permitir uma maior disponibilidade para todas as ilhas e facilitar a conetividade”, sustentou o governante.