A moçambicana LAM prevê estrear até julho voos regulares para o Dubai e para a China, disse hoje à Lusa o diretor-geral da companhia aérea estatal, Theunis Crous.
“Esperamos iniciar para o Dubai e para a China, Guangzhou, nos próximos três meses. Em junho ou julho”, disse Crous, à margem da cerimónia de apresentação, no aeroporto de Maputo, do primeiro avião cargueiro da companhia, um Boeing 737-300F.
“A companhia está a estabilizar. Estou cá [como diretor-geral] há duas semanas, mas já estava há oito meses, e estamos a seguir o plano definido e o que estava previsto”, acrescentou Crous.
Theunis Crous é também diretor-geral da sul-africana Fly Modern Ark (FMA), nomeada pelo Governo moçambicano em abril do ano passado para fazer a reestruturação da LAM.
O Conselho de Administração da LAM anunciou em 28 de fevereiro a cessação de funções do diretor-geral da companhia, João Carlos Pó Jorge, no âmbito das medidas de reestruturação da empresa. No mesmo dia foi substituído por Theunis Crous, que assume a função interinamente até 30 de abril, período previsto para a decisão de renovação do contrato com a FMA, na qual o novo diretor-geral da LAM é sócio e seu diretor-geral.
A cessação de funções de João Carlos Pó Jorge, diretor-geral desde 2018, ocorreu após o diretor de reestruturação da LAM, Sérgio Matos, denunciar um esquema de desvio de dinheiro, com prejuízos de cerca de três milhões de euros, em lojas de venda de bilhetes, através de máquinas dos terminais de pagamento automático (TPA/POS) que não são da companhia.
Na cerimónia de hoje, de lançamento do novo serviço LAM Cargo, o vice-ministro dos Transportes e Comunicações, Amilton Alissone, recordou a decisão anterior, de “extraordinariamente intervir” na gestão da LAM, totalmente detida pelo Estado, com o objetivo de “estabilizar a companhia para evitar perdas progressivas”, enquanto “decorre a melhor avaliação para uma decisão sobre o futuro desta companhia a longo prazo”.
“Intervimos na gestão da LAM numa altura em que a empresa atravessava momentos de depreciação progressiva, com dificuldades extremas para honrar os seus compromissos com terceiros e outros indicadores que apontavam para uma situação mais desafiadora para a companhia. Como resultado do profundo trabalho desenvolvido com o parceiro criteriosamente identificado, volvido menos de um ano, a realidade da companhia Linhas Aéreas de Moçambique mostra sinais de melhoria, transmitindo confiança de que a decisão tomada era a mais acertada”, enfatizou o governante.
Acrescentou que estão a ser dados “passos seguros rumo à estabilização da empresa”, tendo “sido conseguidos” nos últimos meses vários “progressos”, como o “incremento da frota” ao serviço, “melhorando a sua capacidade de resposta à demanda do mercado, aumento de frequências domésticas, abertura de novas rotas e reabertura de outras”.
Ainda a “redução de 30% de tarifas para alguns destinos”, o que “está a promover a melhoria do acesso aos serviços de transporte aéreo no país, dinamizando, em consequência, o turismo, entre outros ganhos económicos”.
“Foi feito e está sendo feito um trabalho financeiro por forma a assegurar que os repasses financeiros da empresa estejam ao nível desejado. Não obstante os bons resultados que estamos a conseguir (…) reconhecemos que a companhia ainda não atingiu o nível de eficiência desejado”, concluiu Amilton Alissone.
A LAM opera voos regulares de passageiros para as 10 capitais de província do país e para as cidades moçambicanas de Vilanculos e Nacala. A nível regional voa também para Joanesburgo e Cidade do Cabo (África do Sul), para Dar-Es-Salaam (Tanzânia), Harare (Zimbábue) e Lusaka (Zâmbia), prevendo ainda o lançamento de voos para Lilongwe (Maláui) e Nairobi (Quénia).
A LAM voa ainda três vezes por semana para Lisboa, desde dezembro passado, o único destino intercontinental que opera atualmente.