Um ex-funcionário da Boeing que levantou preocupações sobre controle de qualidade e segurança na produção de aeronaves da empresa norte-americana foi encontrado morto esta semana, segundo autoridades da Carolina do Sul.
John Barnett, 62 anos, foi um responsável na área de qualidade que se reformou em 2017, após várias décadas na empresa. Veio a morrer a 9 de março devido, alegadamente, a um ferimento autoinfligido por arma de fogo, de acordo com o legista do condado de Charleston. O Departamento de Polícia da cidade de Charleston está a investigar as circunstâncias da morte de John Barnett.
Barnett foi um dos vários denunciantes que levantaram questões de qualidade na fábrica da Boeing na Carolina do Sul, onde a empresa produz os B787 Dreamliner. Barnett disse ter descoberto aglomerados de aparas de metal deixadas perto de sistemas elétricos para controles de voo, o que, segundo ele, poderia ter resultados “catastróficos” se as aparas penetrassem na fiação.
O funcionário disse que expressou repetidamente as suas preocupações aos seus supervisores, mas foi ignorado e transferido para outra parte da fábrica. Mais tarde, Barnett apresentou uma queixa de denúncia aos reguladores. Em 2017, a FAA emitiu uma diretriz exigindo que os B787 fossem limpos de aparas antes da entrega.
Mais tarde, em 2019, o mesmo denunciante disse à imprensa que também descobriu problemas com os sistemas de oxigénio da aeronave, o que poderia significar que algumas máscaras respiratórias não funcionariam em caso de emergência, e que trabalhadores sob pressão para cumprir as metas de produção instalaram peças de qualidade inferior nos aviões. A Boeing negou as acusações.
A Boeing está sob novo escrutínio depois do problema com um B737 Max 9 operado pela Alaska Airlines em janeiro. O mais recente problema foi provocado por parafusos soltos e levou a FAA a suspender todos os aviões Boeing 737 Max 9 semelhantes para verificação.