A TAP Air Portugal enfrentou um primeiro trimestre de 2025 marcado por desafios operacionais e financeiros significativos, decorrentes de fatores externos e conjunturais. Apesar das adversidades, a companhia aérea reafirma o seu compromisso com a recuperação sustentável, disciplina financeira e transformação estrutural, mantendo inalterado o seu foco estratégico num ambiente cada vez mais competitivo e incerto.

Impactos extraordinários marcam o início do ano

O desempenho da companhia no primeiro trimestre foi fortemente afetado por dois eventos extraordinários: uma greve de 20 dias dos pilotos da PGA e a deslocação da Páscoa para o segundo trimestre de 2025, ao contrário de 2024, quando ocorreu no primeiro trimestre. Estes fatores combinados impactaram negativamente os resultados operacionais da empresa, com uma estimativa de perdas entre 30 a 40 milhões de euros.

Queda nas receitas, pressão na receita unitária

As receitas operacionais totalizaram 823,4 milhões de euros, uma queda de 4,5% face ao mesmo período de 2024. Esta diminuição deve-se, sobretudo, à estabilização da capacidade (-0,4%) e ao aumento da concorrência nos principais mercados, que pressionou as receitas do segmento de passagens. A TAP também reportou uma redução nas receitas provenientes do programa de fidelização (Loyalty) e de outras atividades não relacionadas com voos, refletindo os ajustamentos implementados no quarto trimestre de 2024.

Mercado Norte Americano em destaque

Apesar do contexto adverso, a TAP obteve um desempenho positivo no mercado da América do Norte, com destaque para o aumento da receita unitária e do load factor, demonstrando a resiliência da companhia neste mercado estratégico.

Resultados operacionais abaixo do esperado

O EBITDA recorrente no trimestre foi de 2,9 milhões de euros, enquanto o EBIT recorrente foi negativo em 119,2 milhões de euros. Excluindo o impacto dos eventos extraordinários, o EBIT recorrente teria sido de cerca de -85 milhões de euros, ainda assim inferior ao mesmo período de 2024, numa diminuição de aproximadamente 25 milhões de euros.

Liquidez reforçada

Apesar dos desafios, a TAP encerrou o trimestre com uma posição de liquidez sólida de 1.203,2 milhões de euros, impulsionada pela entrada da terceira tranche de capital (343 milhões de euros) e pela emissão de senior notes no valor de 200 milhões de euros no início de março. Esse reforço é um sinal positivo da capacidade da empresa em manter uma base financeira robusta.

Luís Rodrigues, Presidente Executivo da TAP, salientou: “2025 começou com um trimestre desafiante, marcado pela greve dos pilotos da Portugália e pela deslocação da Páscoa. A par disso, o aumento da concorrência nos principais mercados e as disrupções operacionais, como eventos meteorológicos adversos, greves e constrangimentos nos aeroportos e no espaço aéreo europeu, impactaram de forma significativa a performance financeira e operacional do trimestre. Ainda assim, gostaria de destacar o desempenho positivo da TAP no mercado norte-americano.

Embora os desafios se mantenham, nomeadamente a pressão concorrencial, as disrupções operacionais e a incerteza macroeconómica, os progressos alcançados nos últimos anos sustentam uma TAP mais resiliente e preparada para o futuro. Estamos focados na consolidação da sustentabilidade financeira e da eficiência operacional, preparando a companhia para a nova fase que se seguirá ao Plano de Reestruturação, com o compromisso de transformar a TAP numa empresa sustentadamente rentável e atrativa, sempre com o apoio dos nossos stakeholders e das nossas pessoas, que são essenciais para o nosso sucesso.”

Perspetivas para o resto de 2025

A TAP vê com otimismo o restante do ano, com reservas em linha com 2024 e uma recuperação evidente desde o início do ano. Espera-se que o aumento da capacidade ajude a compensar a pressão sobre as receitas unitárias, ainda que a concorrência nos mercados principais deva continuar intensa. No Brasil, o foco será manter a qualidade das receitas e os load factors estáveis, aproveitando a ampla rede da companhia.

Além disso, a TAP continuará a investir na modernização da frota, com a entrega prevista de um A320 NEO e dois A321 NEO, reforçando o compromisso com uma operação mais eficiente e sustentável.

Embora o primeiro trimestre de 2025 tenha sido particularmente desafiante, a TAP demonstra resiliência ao manter o rumo estratégico definido. A sólida liquidez, os sinais positivos em mercados chave como a América do Norte, e os investimentos na frota indicam que a companhia está preparada para enfrentar o futuro com confiança, focada na sustentabilidade financeira e operacional.


Desempenho operacional e financeiro da TAP – 1º Trimestre de 2025 em detalhe

1. Desempenho operacional

  • Passageiros Transportados: A TAP transportou 3,5 milhões de passageiros no 1T25, o que representa uma ligeira diminuição de 0,6% face ao 1T24.
  • Voos Operados: Foram realizados cerca de 27 mil voos, uma redução de 0,5% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
  • Capacidade (ASK): Estável, com uma variação marginal de -0,4%.
  • Load Factor (Taxa de Ocupação): Fixou-se em 78,8%, representando uma queda de 0,6 pontos percentuais (p.p.) face ao 1T24.

2. Receita e rentabilidade

Receitas Operacionais Totais

  • Totalizaram EUR 823,4 milhões, uma queda de 4,5% face ao 1T24.

Receita de Passagens

  • Montante: EUR 734,1 milhões
  • Variação: -EUR 40,6 milhões (-5,2%)
  • PRASK (Receita por ASK): EUR 5,94 cêntimos, uma redução de 4,9% (-EUR 0,30 cêntimos) face ao 1T24.
Fatores para a redução da receita de passagens:
  • Estabilização da capacidade (-0,4%);
  • Aumento da concorrência, sobretudo no mercado brasileiro, onde os concorrentes aumentaram em média +18% a oferta de assentos, face ao crescimento de +2% da TAP, pressionando as receitas unitárias em cerca de EUR 25 milhões.

Receita Não-Voada

  • Inclui Loyalty e outras receitas;
  • Queda estimada de EUR 15 milhões, reflexo de ajustamentos operacionais no 4T24.

Receitas de manutenção

  • Totalizaram EUR 44,3 milhões, uma ligeira redução de EUR 0,4 milhões (-0,8%), afetadas por constrangimentos na cadeia de fornecimento.

Receitas de Carga e Correio

  • Atingiram EUR 38,9 milhões, um aumento de EUR 2,2 milhões (+6,0%), impulsionado por maior load factor e melhores yields de carga.

3. Custos operacionais

  • Custos operacionais recorrentes: EUR 942,6 milhões, aumento de 2,2% (EUR +20,3 milhões) em relação ao 1T24.
Principais variações:
  • Custos com pessoal: +EUR 19,0 milhões (+8,9%), devido a aumentos salariais e novos acordos coletivos de trabalho.
  • Custos operacionais de tráfego: +EUR 8,8 milhões (+4,7%), influenciados por reajustes contratuais.
  • Custos com combustível: Redução de EUR 19,5 milhões (-7,7%), com impacto positivo nos resultados operacionais.
  • Provisões e imparidades: +EUR 9,6 milhões, principalmente devido à greve dos pilotos da PGA.

CASK (Custo por ASK)

  • CASK total: EUR 7,63 cêntimos, aumento de 2,6% (+EUR 0,19 cêntimos);
  • CASK excluindo combustível: EUR 5,74 cêntimos, aumento de 6,4% (+EUR 0,34 cêntimos).

4. Indicadores de rentabilidade

  • EBITDA recorrente:
    A TAP registou um EBITDA recorrente de EUR 2,9 milhões no 1T25, com uma margem EBITDA de 0,3%. Este resultado representa uma redução significativa de EUR 54,1 milhões face ao 1T24, refletindo o impacto dos eventos extraordinários e da pressão sobre as receitas unitárias.
  • EBIT recorrente:
    O EBIT recorrente foi de EUR -119,2 milhões, uma deterioração de EUR 58,9 milhões em relação ao período homólogo. A margem EBIT situou-se em -14,5%, evidenciando os desafios operacionais enfrentados no trimestre.
  • EBIT total (após itens não recorrentes):
    Considerando efeitos extraordinários e itens não recorrentes, o EBIT totalizou EUR -131,6 milhões no período.
  • Resultado líquido:
    O resultado líquido do trimestre foi de EUR -108,2 milhões, o que representa uma deterioração de EUR 18,1 milhões em comparação com o 1T24.

5. Situação de tesouraria e solvência

  • Liquidez:
    Em 31 de março de 2025, a TAP apresentava uma posição de caixa e equivalentes de caixa de EUR 1.203,2 milhões, um aumento de EUR 551,5 milhões face ao final de 2024.
  • Fontes de reforço da liquidez:
    • Entrada da última tranche de capital: EUR 343 milhões (janeiro de 2025);
    • Emissão adicional de senior notes: EUR 200 milhões (março de 2025).

6. Rede e frota

  • Ajustes na Rede Operacional:
    • Reabertura de duas rotas sazonais de verão com partida de Lisboa:
      • Nápoles
      • Porto Santo
    • Encerramento de duas rotas sazonais de inverno:
      • Banjul
      • Cancún
  • Frota Operacional:
    • Total de 99 aeronaves em operação a 31 de março de 2025.
    • 71% da frota de médio e longo curso composta por aeronaves da Família NEO, demonstrando progresso contínuo na modernização da frota.
      • Comparativamente, a proporção era de 68% em março de 2024.