A companhia aérea Ryanair exigiu a devolução dos aumentos salariais concedidos a vários membros da sua tripulação de cabine em Espanha, relativos ao período entre Outubro de 2024 e Março de 2025. A decisão surge na sequência de uma sentença da Audiencia Nacional, que anulou o primeiro acordo coletivo celebrado entre a transportadora e o sindicato espanhol CCOO.

O tribunal considerou que o processo negocial violava os princípios legais, alegando que a mesa de negociação estava mal constituída, após uma queixa apresentada pelo sindicato concorrente USO. Como consequência, a Ryanair decidiu revogar os aumentos salariais e exigir a devolução dos montantes já pagos aos funcionários que não pertencem ao sindicato CCOO.

De acordo com informações avançadas pelo jornal El Confidencial, os trabalhadores afetados foram notificados de que os valores em dívida serão descontados diretamente nos próximos recibos de vencimento. Enquanto os funcionários afiliados ao CCOO não estão a ser obrigados a devolver os aumentos, o sindicato USO denuncia que os seus membros viram os salários reduzidos aos níveis anteriores ao acordo agora anulado.

O sindicato USO criticou duramente a atuação da transportadora, acusando-a de penalizar os trabalhadores por uma situação criada pela própria má gestão da empresa e por um processo negocial mal conduzido. O sindicato está atualmente a avaliar possíveis medidas legais para proteger os direitos dos tripulantes de cabine afetados.

Este episódio é mais um capítulo numa longa série de conflitos laborais entre a Ryanair e os seus trabalhadores em Espanha. A companhia aérea já havia sido sancionada pela Inspeção do Trabalho espanhola por práticas de remuneração inadequadas e foi obrigada pelo Supremo Tribunal a reverter cortes salariais aplicados durante a pandemia.

A exigência de devolução de salários agrava ainda mais as tensões com os sindicatos e levanta preocupações sérias quanto ao cumprimento das leis laborais por parte da Ryanair no território espanhol. A situação poderá ter implicações futuras na forma como os acordos laborais são negociados e fiscalizados no setor da aviação.