A TAP assegura estar atenta aos episódios de odores a bordo que, em alguns casos, têm levado a aterragens de precaução, sublinhando tratar-se de situações pontuais no universo total de voos e de um fenómeno que afeta transversalmente o setor da aviação.

“O empenho da TAP tem-se destacado neste tema específico, indo além do que é praticado pela indústria, acompanhando de perto toda a informação e os avanços tanto na IATA [Associação Internacional de Transportes Aéreos] quanto na Airbus, pois trata-se de uma questão transversal no setor, que tem merecido a atenção constante por parte das companhias aéreas e dos fabricantes”, refere a nota informativa interna.

Na quarta-feira, um avião Airbus A320 da TAP foi forçado a aterrar no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, na sequência de um incidente relacionado com inalação de odores.

“A TAP tem estado muito atenta a estes episódios, mesmo que no universo de todos os voos estes sejam uma percentagem residual, o que não nos tem impedido de fazer todos os esforços para esclarecer qualquer dúvida e procurar ativamente e com persistência soluções disponíveis na indústria”, lê-se no documento.

A companhia refere ainda que, com a devida aprovação da Airbus, foi recentemente instalado um dispositivo de deteção de odores e compostos potencialmente tóxicos num dos aviões da frota. Este sistema foi utilizado em quatro voos, incluindo um em que foram reportados cheiros a bordo, não tendo, no entanto, sido detetadas quaisquer substâncias nocivas.

A TAP manifesta a intenção de alargar a instalação deste tipo de equipamento a outras aeronaves da frota, com o objetivo de recolher mais dados e reforçar o controlo preventivo destas situações.

Um dos episódios mais recentes ocorreu a 11 de março, quando um Airbus A321neo da TAP, com 192 passageiros a bordo, divergiu para o Porto após a tripulação reportar odores e sintomas de indisposição, durante um voo com destino a Londres. De acordo com o boletim trimestral do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), já tinham sido sinalizados problemas semelhantes na mesma aeronave, nos dois voos anteriores do mesmo dia.

Durante a ligação entre Lisboa e o Funchal foi detetado um odor estranho na parte traseira do avião. Após aterragem, os serviços de manutenção procederam a inspeções aos motores e à APU (Unidade Auxiliar de Potência), sem identificar qualquer falha. Já no voo seguinte, entre o Funchal e Lisboa, foram novamente notados cheiros à descolagem, que desapareceram pouco depois.

Entre o incidente de dia 11 e o regresso do avião ao serviço regular, a 14 de março, a equipa de manutenção da TAP realizou uma série de verificações técnicas conforme as orientações do fabricante, mas os testes não resultaram em conclusões definitivas, revelou o GPIAAF.

De acordo com este organismo, durante o ano de 2024 foram registadas 1.249 ocorrências semelhantes na base de dados europeia, o que demonstra que esta é uma questão que tem vindo a merecer crescente atenção por parte da indústria aeronáutica, dos reguladores e das entidades de investigação, como a EASA.