As caixas-negras do avião comercial que colidiu com um helicóptero militar nos céus de Washington DC foram encontradas, enquanto surgem questões sobre a gestão de pessoal e situações de risco no aeroporto onde a aeronave iria aterrar.
Fontes citadas pela CBS News, indicam que apenas um controlador de tráfego aéreo estava a gerir simultaneamente o tráfego de helicópteros e aviões na zona, uma das mais vigiadas do mundo, quando ocorreu o acidente na quarta-feira. Normalmente, essa função é desempenhada por duas pessoas.
As autoridades continuam a investigar o que causou o incidente, que terá provocado a morte de todas as 67 pessoas a bordo das duas aeronaves. Segundo o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB), um relatório preliminar será divulgado dentro de 30 dias.
O gravador de dados de voo e o gravador de voz da cabine, conhecidos como caixas-negras, foram transportados na noite de quinta-feira para um laboratório do NTSB para avaliação. Estes dispositivos podem fornecer informações cruciais sobre o que correu mal durante o voo.
Na quinta-feira, surgiram novas informações sobre a gestão de pessoal no controlo de tráfego aéreo, inicialmente reportadas pelo New York Times. Um relatório preliminar da Administração Federal de Aviação (FAA) descreveu a situação como “não habitual”.
A FAA tem enfrentado dificuldades para preencher posições críticas há vários anos. Embora não tenha sido quebrada qualquer regra, a situação em que um único controlador geriu helicópteros e aviões não é considerada ideal.
As operações de busca decorreram durante grande parte do dia de quinta-feira nas águas geladas do Rio Potomac, mas foram suspensas ao cair da noite devido a condições perigosas.
O voo da American Airlines transportava 64 passageiros quando colidiu com um helicóptero Black Hawk do Exército dos EUA em missão de treino. Três militares estavam a bordo.
Até ao momento, foram recuperados 40 corpos intactos e restos mortais parciais de outras vítimas, segundo fontes próximas da investigação citadas pela CBS News.
Num briefing na Casa Branca, o Presidente Donald Trump iniciou a sessão com um minuto de silêncio pelas vítimas, afirmando: “Podemos apenas imaginar a dor que estão a sentir”, acrescentando que “os nossos corações estão destroçados com os vossos”.
Trump levantou hipóteses sobre a causa do acidente, sugerindo, sem evidências, que padrões de contratação mais baixos para controladores aéreos sob administrações anteriores poderiam ter sido um fator.
O Presidente assinou um memorando para eliminar programas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) no setor da aviação e nomear uma nova liderança para a FAA.
Na sexta-feira, Trump publicou na rede Truth Social que o helicóptero estava a voar “muito acima” da altitude permitida. Especialistas afirmam que as aeronaves naquela rota devem manter-se abaixo dos 60 metros.
As autoridades continuam a analisar vários fatores, incluindo a altitude das aeronaves, mas ainda não chegaram a conclusões públicas.
O acidente ocorreu por volta das 21:00 (02:00 GMT) de quarta-feira, quando um Bombardier CRJ700 operado pela PSA Airlines, para a American Airlines, colidiu com um helicóptero do Exército ao aproximar-se do Aeroporto Nacional Ronald Reagan.
Ambas as aeronaves caíram no Rio Potomac. O avião partiu-se em várias partes e afundou-se, enquanto o helicóptero ficou invertido.
O voo tinha partido de Wichita, Kansas, transportando dezenas de passageiros, incluindo dois jovens patinadores artísticos, as suas mães e dois treinadores russos.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou à imprensa russa: “Havia outros compatriotas nossos a bordo. É uma má notícia hoje vinda de Washington. Enviamos as nossas condolências às famílias e amigos.”
Na sexta-feira, a China confirmou a morte de dois dos seus cidadãos e expressou “profundos sentimentos de pesar”.
O helicóptero, um Sikorsky UH-60, tinha partido de Fort Belvoir, na Virgínia, com três soldados a bordo, pertencentes à Companhia B, 12.º Batalhão de Aviação.
“O que aconteceu é uma tragédia, uma perda terrível de vidas, tanto para os 64 civis do avião, como para os três soldados no Black Hawk”, afirmou o novo secretário da Defesa, Pete Hegseth.