Azul Linhas Aéreas Brasileiras (Azul) anunciou, a 15 de janeiro de 2024, a assinatura de um acordo preliminar com a Gol Linhas Aéreas Inteligentes SA (GOL), pertencente ao Abra Group, para iniciar discussões sobre uma possível fusão. Caso concretizada, essa união pode resultar na maior companhia aérea do Brasil, superando a divisão brasileira da LATAM Airlines, atualmente líder em número de passageiros transportados no país.

O acordo preliminar representa o início de um processo que pode levar à integração das operações das duas empresas. Contudo, ambas manteriam seus Certificados de Operador Aéreo (AOCs) e continuariam a operar de forma independente, preservando suas marcas e estruturas operacionais. Atualmente, as malhas aéreas das companhias são aproximadamente 90% complementares, com pouca sobreposição de rotas.

O Memorando de Entendimento assinado entre as partes inclui acordos relacionados à governança e estrutura de capital, embora os detalhes e os termos do acordo ainda não tenham sido divulgados.

A potencial fusão criaria um novo líder no mercado brasileiro de aviação comercial. Juntas, Azul e GOL transportaram 57,4 milhões de passageiros em 2024, o que corresponde a 61,4% do mercado doméstico brasileiro. Durante o mesmo período, a Azul operou 290.100 voos de passageiros, enquanto a GOL realizou 204.300 partidas. Esse número elevado de operações da Azul reflete seu modelo de uso de aeronaves regionais menores em rotas curtas e de alta frequência.

A frota combinada das duas companhias somaria 327 aeronaves, sendo 138 da GOL e 189 da Azul, incluindo suas subsidiárias. Esse número é significativamente superior à frota de 163 aviões da LATAM Brasil. Juntas, Azul, GOL e LATAM Brasil são responsáveis por 98,9% do transporte doméstico de passageiros no país.

“O objetivo da Azul sempre foi expandir o mercado aéreo brasileiro, oferecendo maior conectividade e acesso ao transporte aéreo para os brasileiros, independentemente de sua localização no país,” destacou John Rodgerson, CEO da Azul. “Essa combinação fortalecerá o setor, aumentará o número de voos disponíveis, ampliará o alcance para mais de 200 cidades no Brasil e possibilitará maior competitividade em um mercado globalizado.”

Rodgerson também apontou os benefícios esperados, como o aumento da conectividade, a criação de empregos e a oferta de serviços de alta qualidade com foco em custo-benefício para os consumidores.

A conclusão da transação dependerá de diversas condições rigorosas, incluindo a concordância sobre os termos económicos, a realização de uma diligência bem-sucedida, a formalização de contratos definitivos, além das aprovações corporativas e regulatórias necessárias, como o regulador de concorrência brasileiro.

Especialistas indicam que essa possível fusão pode representar uma solução financeira crucial para a GOL, maior companhia aérea de baixo custo do Brasil, que iniciou 2024 sob proteção de falência no Capítulo 11 nos Estados Unidos. A GOL enfrentava prejuízos acumulados e dificuldades com arrendamentos de aeronaves, ameaçando sua continuidade operacional.

Com o pedido de recuperação judicial apresentado ao Tribunal de Falências do Distrito Sul de Nova York, a GOL busca tempo para reestruturar suas finanças sem a ameaça de ações legais que poderiam paralisar suas operações.

Se concretizado, o acordo pode transformar o cenário da aviação no Brasil, essencial para a mobilidade de seus 220 milhões de habitantes em um território vasto. Com cerca de 110 milhões de viagens aéreas realizadas anualmente, o mercado doméstico brasileiro apresenta grande potencial de crescimento, especialmente no contexto pós-pandemia. A união entre Azul e GOL visa posicionar a nova companhia para aproveitar melhor essas oportunidades emergentes.