A forma como a Portway conta o número de voos assistidos pelos trabalhadores levou vários sindicatos a requerer a abertura de um processo de conciliação, não estando afastado o recurso à greve se não houver acordo, foi hoje divulgado.

Em comunicado divulgado hoje, vários sindicatos que representam trabalhadores dos aeroportos (Sitava, STHAA, SIMAMEVIP e SINDAV) manifestam a sua “estupefação” pela forma como, referem, a Portway está a querer usar a diferença entre “rotações” e “voos” para não cumprir o acordo de empresa que contempla um aumento de 1% em novembro, com retroativos a janeiro, mediante o cumprimento operacional de 60 mil voos assistidos.

A ordem de grandeza do aumento ficou estabelecida nas negociações do acordo de empresa (AE2024), onde se determina que a sua concretização “fica condicionada ao atingimento pela Portway de 60 mil voos no período entre 1 de janeiro de 2024 e 31 de outubro de 2024”.

Esta terça-feira, refere o comunicado, os sindicatos receberam uma comunicação da empresa dizendo que, “entre janeiro e outubro deste ano, a Portway realizou 57.210 rotações, ficando, assim, 2.790 rotações aquém do esperado”, considerando não estarem cumpridas as condições para o aumento.

Esta posição foi hoje reiterada pela Portway numa reunião com os representantes dos trabalhadores, segundo adianta o comunicado, com os sindicatos a acusarem a empresa de querer “reinventar a roda” perante “conceitos que todos” conhecem e que “até estão bem definidos no glossário da ANC [Agência Nacional de Aviação Civil]”.

A situação levou os sindicatos a pedir a abertura de um processo de conciliação junto da Direção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT), mas sem porem de lado o recurso a formas de luta caso não seja possível chegar a acordo no âmbito deste processo.

Em declarações à Lusa, Fernando Henriques, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava,) afirmou haver confiança de que a empresa, no âmbito deste processo de conciliação, venha a rever a sua posição e a efetuar o pagamento salarial conforme acordado.

“Gorada esta possibilidade de acordo, teremos de envolver os trabalhadores e ver o que estão disponíveis para fazer”, disse, sinalizando que serão equacionadas todas as formas de luta, incluindo a realização de greve.