A plataforma “Aeroporto fora, Lisboa melhora” convocou uma concentração de cidadãos para quarta-feira, em protesto contra a “inação das autoridades” face ao ruído e à poluição “insuportáveis” causados pelo aeroporto de Lisboa.

Em comunicado, a plataforma justifica o protesto face às “continuadas pressões para que a capacidade do Aeroporto Humberto Delgado seja aumentada”, alertando que o aumento 38 para 45 movimentos por hora “parece avançar sem qualquer avaliação de impacte ambiental”.

Isto num contexto em que os voos noturnos “continuam a ser realizados violando as regras em vigor (até 26 movimentos por noite e não mais que 91 movimentos por semana)”, denuncia.

De acordo com a lei, só excecionalmente pode haver voos entre a meia-noite e as seis da manhã. Porém, no verão a regra foi quebrada, como denunciou a associação ambientalista Zero.

Recordando que “são frequentes os voos que ultrapassam limites de ruído acima dos quais os danos para saúde são sérios”, a plataforma – criada em 2022 e que reúne cidadãos residentes nos concelhos afetados pelo Aeroporto Humberto Delgado – realça que “a frequência atual dos voos implica que as pessoas que vivem, estudam ou trabalham perto do aeroporto ou das rotas de aproximação estão constantemente expostas a níveis inaceitáveis de ruído”.

Na ação de protesto agendada para quarta-feira – que vai decorrer à saída da estação de metro do Aeroporto -, os cidadãos vão reivindicar o fim dos voos noturnos, a não expansão e o encerramento do aeroporto, a “construção urgente” do novo aeroporto de Lisboa fora da cidade e “um novo pulmão verde na cidade”.

As associações estimam que o ruído dos aviões afete quase 400 mil pessoas em Lisboa e nos concelhos vizinhos afetados.

Em setembro, o executivo da Câmara Municipal de Lisboa aprovou por unanimidade uma moção em que defende a redução do número de movimentos por hora no Aeroporto Humberto Delgado e recusa qualquer aumento da capacidade aeroportuária.

No texto, que resultou da junção de propostas do PCP e da liderança PSD/CDS-PP, o executivo defende a “eliminação dos voos noturnos” e o encerramento do aeroporto de Lisboa “tão rapidamente quanto possível, em menos de dez anos”.