O ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações Sérgio Monteiro considerou que os efeitos positivos da privatização da ANA Aeroportos “vão muito para lá” do encaixe financeiro e sublinhou o “orgulho” em ter participado nela.
Sérgio Monteiro falava na comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas e Habitação, na sequência de um requerimento do PCP sobre a privatização da empresa.
A privatização da ANA ao grupo francês Vinci foi anunciada em 27 de dezembro de 2012 e concluída em setembro de 2013.
Na altura, “os investidores, os países todos (…) viram um país da União Europeia a reforçar a confiança num país que supostamente não ia conseguir cumprir o programa de ajustamento” acordado com a ‘troika’, apontou o ex-governante, destacando que isso “foi muito importante para mudar a perceção, contribuiu para a saída limpa, contribuiu para a recuperação”.
Por isso, “esta privatização, os seus efeitos positivos vão muito para lá, muito para lá do encaixe financeiro”, enfatizou Sérgio Monteiro, rematando: “Daí o orgulho, sublinho, em ter participado nela”.
Durante a sua audição, Sérgio Monteiro referiu que “não houve, naquela altura, nenhum processo de privatização que se aproximasse do encaixe financeiro” do caso da ANA.
O ex-governante agradeceu o requerimento do PCP, referindo que tal permitiu “hoje fazer o contraditório” à auditoria do Tribunal de Contas, apontando que tal “deveria constar no relatório da auditoria”, que foi divulgado no início do ano.
A auditoria do Tribunal de Contas à privatização da ANA, divulgada em janeiro, concluiu que a operação não salvaguardou o interesse público, por incumprimento dos seus objetivos, como o de minimizar a exposição do Estado aos riscos de execução.
Por várias vezes, Sérgio Monteiro destacou os resultados da privatização da ANA Aeroportos: “Estão aí, orgulham-nos enquanto país, o resultado é francamente positivo para o país e para a nossa economia”.
Quando questionado sobre as razões pelas quais foi nomeado um novo Conselho de Administração da ANA na altura, explicou que o “anterior queria impor o seu modelo de privatização” ao acionista.
“Espanta-me que não questionem por que é que não se aproveitou a pandemia, em que não havia pessoas nos aeroportos”, para “se trabalhar na nova infraestrutura”, comentou.
“Por que é que eles não aproveitaram esses anos”, questionou Sérgio Monteiro.