No primeiro semestre, a TAP apresentou um desempenho positivo, especialmente considerando o cenário desafiador da aviação. Os resultados, embora possam ser considerados modestos, foram comparáveis aos das três empresas interessadas na sua reprivatização: IAG, Lufthansa e Air France-KLM. A TAP destacou-se pelos custos mais baixos e pela segunda melhor margem de rentabilidade, apesar de ainda ficar atrás em termos de receita por passageiro quando comparada com as suas concorrentes.
Das três interessadas, a IAG (dona da British Airways, Iberia e Vueling) foi a que exibiu a melhor saúde financeira, enquanto Lufthansa e Air France-KLM passaram por um semestre difícil. A TAP, sob a liderança de Luís Rodrigues, registou o menor crescimento de receitas (3%) entre as quatro empresas analisadas, resultado impulsionado principalmente pela manutenção (+36,7%), enquanto as receitas de passageiros cresceram apenas 2,6%. A pressão sobre os preços, causada pelo aumento da capacidade das grandes companhias, impactou a receita por passageiro, que caiu em quase todas as regiões onde a TAP opera, excepto na Europa.
A TAP continua atrás das suas concorrentes em termos de receita por assento-quilómetro (PRASK), mas compensou com o menor custo operacional por assento-quilómetro (RASK) entre as quatro empresas. Apesar do aumento nos custos com pessoal, devido ao fim dos cortes salariais, os custos operacionais cresceram apenas 3,3%, impulsionados pela redução dos gastos com combustível (-4,7%) e pela menor dependência do aluguer de aviões externos.
Mesmo neste cenário adverso, tanto a TAP como a IAG conseguiram aumentar a sua rentabilidade operacional, com a IAG a elevar a sua margem para 8,9% e a TAP para 7,1%. Em contraste, Lufthansa e Air France-KLM enfrentaram grandes dificuldades, registando prejuízos devido a greves, inflação e outros factores.
No que diz respeito ao lucro líquido, a IAG liderou com um ganho de 905 milhões de euros, enquanto a TAP conseguiu fechar o semestre com um lucro de 400 mil euros, uma melhoria em relação ao início do ano, embora bastante abaixo dos 23 milhões do mesmo período do ano anterior, que contava com os cortes salariais. Lufthansa e Air France-KLM terminaram o semestre no vermelho, com prejuízos de 265 e 400 milhões de euros, respectivamente.
Por fim, a TAP e a IAG apresentaram melhorias nas suas alavancagens financeiras, enquanto Lufthansa e Air France-KLM enfrentaram deteriorações. A TAP conseguiu reduzir a sua dívida financeira líquida em 59,1%, graças a uma maior disponibilidade de caixa, resultado de uma injecção estatal de 343 milhões de euros. Com um rácio entre dívida e EBITDA de 2,1 vezes, a TAP atingiu o seu melhor nível neste indicador. A IAG destacou-se ainda mais, com uma dívida líquida de apenas 1,1 vezes o EBITDA, consolidando-se como a companhia com a melhor situação financeira entre as três pretendentes à TAP.