A Autoridade Italiana de Segurança Aérea (ANSV) divulgou um relatório preliminar sobre o incidente com um Boeing 777-300 da LATAM, que bateu e arrastou a cauda ao descolar — um incidente conhecido como “tail strike” no Aeroporto de Malpensa, em Milão. Segundo o documento, o incidente foi provocado pela inserção de dados incorretos pelos pilotos, e o avião da LATAM arrastou-se por 723 metros na pista, deixando um buraco de até seis centímetros.

O documento, divulgado a 23 de agosto, aponta que para calcular a velocidade de descolagem correta, os pilotos devem inserir vários parâmetros nos sistemas do avião, como peso da aeronave, condições climáticas e o peso do combustível.

No entanto, neste voo da LATAM, foi inserido o peso máximo da aeronave sem combustível, ao invés do peso real do combustível abastecido, fazendo com que o computador calculasse uma velocidade de descolagem muito abaixo da necessária.

Com base na programação do computador, eles receberam uma V1 (velocidade de decisão) de 145 nós, uma VR (velocidade de rotação) de 149 nós e uma V2 de 156 nós. Com base nos cálculos corretos que foram realizados durante a investigação, eles deveriam ter uma V1 de 173 nós, uma VR de 181 nós e umA V2 de 186 nós.

Na prática, os pilotos começaram a rotação da aeronave a 153 nós, e quando a aeronave acelerou para 166 nós iniciou o contato da cauda com a pista do aeroporto. Vale notar que, no momento da descolagem, três pilotos estavam no cockpit: um instrutor e dois comandantes.

O tail strike ocorre quando a parte traseira da fuselagem do avião bate na pista. O evento pode causar danos estruturais à aeronave e, a depender da gravidade, levar à perda do controle — mas geralmente com baixo risco de fatalidades.

O caso aconteceu em julho deste ano, com 398 passageiros a bordo que iam em direção a São Paulo. As câmeras de segurança do aeroporto registraram o momento em que a parte traseira da fuselagem toca na pista e se arrasta.

Após a decolagem, os pilotos precisaram despejar combustível para retornar a Milão e verificar os danos na estrutura da aeronave.

A LATAM afirmou que continua a cooperar com as autoridades que investigam o que ocorreu no voo LA8073, e aguarda a publicação do relatório final pela Autoridade Italiana de Segurança Aérea (ANSV). “A companhia esclarece que o relatório emitido pela autoridade é preliminar e não apresenta as causas prováveis ou conclusões da investigação”, diz a companhia.