O aluguer do avião Airbus A330 para integrar a frota da SATA em 2016 motivou as buscas realizadas hoje pela Polícia Judiciária (PJ) nas instalações da companhia aérea, revelou à agência Lusa fonte da empresa.
Segundo a fonte, os inspetores estiveram nas instalações do grupo de aviação em Ponta Delgada durante a manhã, tendo solicitado documentos desde 2012 para averiguar o negócio relacionado com o avião A330, batizado com o nome de Ciprião de Figueiredo.
O aluguer de longa duração da aeronave, que ficou conhecida por “cachalote” por ostentar a imagem do mamífero, fazia parte do processo de renovação da frota da SATA decidido pela administração então liderada por Luís Parreirão.
O primeiro voo comercial do Airbus A330 da SATA Internacional/Azores Airlines aconteceu em março de 2016, ligando Ponta Delgada a Boston, nos Estados Unidos.
A decisão de utilizar os aviões A330 nas rotas de longo curso foi anunciada pela administração do grupo em junho de 2015.
O contrato de ‘leasing’ custou à SATA mais de 40 milhões de euros, tendo o aparelho ficado parado durante dois anos, devido aos elevados custos de manutenção, segundo um ofício do Governo dos Açores revelado em março de 2021.
Segundo as explicações do executivo, o contrato e as reservas de manutenção do aparelho custaram à SATA – Azores Airlines um total de 24,6 milhões de euros em cinco anos (5,9 milhões em 2016, 7,6 milhões em 2017, 5,9 milhões em 2018, 4,3 milhões em 2019 e 835 mil euros em 2020), embora o avião só tenha operado nos três primeiros anos.
A estes montantes soma-se a antecipação do fim do contrato de aluguer do “cachalote”, que ultrapassou os 16 milhões de euros (entre prestações pagas em devido tempo e também uma indemnização na sequência de negociações extrajudiciais por incumprimento dos prazos de liquidação da dívida).
Ouvido em novembro de 2023, na comissão de inquérito à SATA na Assembleia Regional, Luís Parreirão justificou a opção da companhia açoriana pelos dois aviões A330, como sendo, à data, os aparelhos mais fiáveis para viagens de longo curso.
A Lusa também contactou o Departamento de Investigação Criminal da PJ nos Açores, que não deu esclarecimentos sobre a investigação em curso.