Um cidadão de Carregal do Sal lançou uma petição para que o novo aeroporto da região de Lisboa tenha o nome de Aristides de Sousa Mendes.

“Sendo um aeroporto, simboliza a viagem, a fuga, a liberdade e, de alguma forma, tem esta ligação ao ato de Aristides de Sousa Mendes, que permitiu a fuga, a liberdade e, com isso, a sobrevivência de milhares de pessoas”, defendeu José Dias Batista.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou no dia 14 que o Governo aprovou a construção do novo aeroporto da região de Lisboa no Campo de Tiro de Alcochete, com a denominação Aeroporto Luís de Camões, com vista à substituição integral do Aeroporto Humberto Delgado.

O Campo de Tiro da Força Aérea, também conhecido como Campo de Tiro de Alcochete (pela proximidade deste núcleo urbano), fica maioritariamente localizado na freguesia de Samora Correia, no concelho de Benavente (distrito de Santarém), tendo ainda uma pequena parte na freguesia de Canha, já no município do Montijo (distrito de Setúbal).

O mentor da petição admitiu que a ideia “é um bocadinho reativa”, já que teria sido mais oportuna se tivesse sido lançada antes da decisão do Governo.

“Mas acredito que ainda vai a tempo, porque o aeroporto ainda não está construído”, acrescentou o mentor da petição pública para que seja usado o nome Aristides Sousa Mendes, o “homem que desobedeceu à famosa circular 14 para salvar vidas”.

E essa atitude “permitiu que as pessoas viajassem, não de avião, mas de uma forma clandestina e, chegados a Portugal, aí sim, viajaram de avião para muitos outros países como, por exemplo, os Estados Unidos da América (EUA).

Esta ideia “não surgiu com o intuito de menosprezar o nome maior da literatura portuguesa, que é Luís Vaz de Camões, mas a realidade é que o seu nome já está atribuído em muitas instituições, edifícios e avenidas”.

“E Aristides de Sousa Mendes parece que só vive em Carregal do Sal e na memória dos descendentes dos refugiados que se salvaram graças ao nosso cônsul, quando na realidade deveria estar vivo em todos os portugueses”, defendeu.

Quem chegar a Portugal de avião vai “sentir curiosidade em saber quem foi Aristides de Sousa Mendes e isso vai ajudar a reforçar e a dar a conhecer o ato heroico” do antigo cônsul de Bordéus que viveu entre 1885 e 1954.

“Essa convicção de ajudar, de permitir que as pessoas pudessem ter esperança no futuro. Seria bom que todos nós tivéssemos um bocadinho de Aristides de Sousa Mendes, principalmente quando temos de tomar decisões, e é esse humanismo que temos de manter vivo”, apontou.

José Dias Batista considerou ainda que, com o nome do antigo diplomata no aeroporto, o Governo estaria a “investir em toda a região das Beiras até à fronteira”, desde Cabanas de Viriato, onde será inaugurado em 19 de julho, dia em que passam 70 anos sobre a sua morte, a Casa-Museu Aristides de Sousa Mendes, até Vilar Formoso, onde se situa o Museu Fronteira da Paz, dedicado aos refugiados.

“Há esta corrente da coesão e de arranjar formas de desenvolver o interior, e uma medida destas também ajudaria a região, porque acredito que muitos vão querer saber mais sobre quem deu o nome ao aeroporto”, disse.