Os trabalhadores da Groundforce exigem o início de negociações para aumentos salariais este ano, depois de a assembleia de credores ter aprovado o plano de insolvência da empresa em setembro do ano passado, segundo um comunicado do sindicato Sttamp.
Na nota, o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes de Portugal (Sttamp), começa por recordar que, no ano passado, “foi negociado o Acordo de Empresa da Groundforce com a participação dos putativos compradores, Menzies”.
“No âmbito do processo negocial foi abordada a questão da aplicação do novo acordo e a produção de efeitos do mesmo”, destacou, adiantando que, “de acordo com o que foi negociado e, partindo do princípio de que seria mais que provável que o desiderato jurídico em que a empresa se encontra, motivado pelo processo de insolvência” já estivesse resolvido, “tudo apontava para que hoje, esse problema estivesse ultrapassado e os trabalhadores vissem já aplicadas as condições do novo acordo”.
Este acordo, indicou, prevê que “houvesse lugar ao pagamento das atualizações salariais com efeitos a 01 de janeiro de 2024, uma vez que, segundo as expectativas, era que em fevereiro de 2024 o processo judicial estivesse já concluído e, portanto, por uma questão de dois ou três meses de retroativos não seria impeditivo nem da negociação nem da entrada da Menzies no capital da empresa”.
No entanto, tal não aconteceu. “É urgente, para não dizer obrigatório, que se dê início a uma negociação, curta e determinada, cujo principal objetivo é, claramente, aumentar os salários dos trabalhadores da empresa, com efeitos urgentes e imediatos”, referiu o sindicato.
Para o Sttamp, tendo em conta a “situação financeira positiva em que a empresa se encontra”, o “ajuste salarial reveste-se da mais elementar justiça”.
“Escusado será dizer que, num ano de 2022 com inflação acima de 8%, a que antecederam os 1,3% de 2021 e a que sucedeu uma inflação de 2023 de 4,3% estamos perante um desajuste na atualização dos salários bem perto dos 15%”, assegurou.
“Na prática, não repercutir nos salários inflação representa um corte salarial, indireto, claro está, mas não deixa de ser um corte salarial, e isso nós não podemos nem vamos aceitar”, referiu o sindicato.
Assim, o Sttamp manifestou à empresa a sua posição “tendo sido dado um prazo de oito dias para se pronunciarem”. Depois desse período, deixará “ao critério da decisão soberana dos trabalhadores sobre qual o caminho a seguir”.
A TAP pediu em 2021 a insolvência da Groundforce, num processo cuja lista provisória de credores apontava, nessa altura, para cerca de 154 milhões de euros em dívidas. Posteriormente, segundo o plano, as dívidas reconhecidas fixaram-se em 136,2 milhões de euros.
A solução para a empresa passa pela entrada de um novo acionista, a Menzies, que prevê um investimento inicial de 12,5 milhões de euros na Groundforce.