O cenário de um acidente com um avião da carreira regular que levava 19 passageiros a bordo foi hoje simulado no aeródromo municipal de Viseu, com a participação de 92 operacionais e 30 veículos de várias entidades.
“A aeronave aterrou sem o trem de aterragem, acabou por deixar as asas para um lado, o corpo para o outro, com passageiros dentro”, contou aos jornalistas o diretor do aeródromo, João Santos.
A simular o corpo da aeronave estava uma carrinha que, antes da retirada das “vítimas”, foi coberta de espuma lançada de uma viatura (Oshkosh) que se encontra em permanência no aeródromo de Viseu.
“É extremamente importante devido à capacidade que tem de neutralizar os incêndios. Neste caso, apenas utilizámos a viatura quando a aeronave estaria já a arder, mas, numa situação real, iria espalhar a espuma pela pista, para evitar o atrito provocado pela chapa da aeronave no chão”, explicou.
João Santos frisou que o aeródromo municipal tem bombeiros que “estão devidamente treinados para este tipo de missões” até porque, se algum dia acontecer uma situação idêntica à que foi simulada hoje, “nada pode falhar”.
“A nossa preocupação é garantir a quem vem a Viseu que tem condições de ser salvo se tiver um problema, por isso trabalhamos em conjunto”, frisou.
Deste “cenário catastrófico” resultaram três mortos, quatro feridos graves e quatro feridos ligeiros, alguns dos quais foram transportados para o hospital de Viseu, segundo Rui Nogueira, que comandou as operações de socorro.
“Estamos em articulação com a Unidade Local de Saúde de Viseu e, portanto, o hospital de Viseu vai receber algumas das vítimas”, explicou Rui Nogueira, acrescentando que, desta forma, foi exercitado o fluxo de uma admissão de vítimas, também em coordenação com o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
O comandante dos Bombeiros Sapadores de Viseu disse aos jornalistas que se tratou de “um exercício à escala total”, que teve como objetivo “testar todos os procedimentos previstos no plano de emergência” do aeródromo, desde as operações de salvamento e manobras de combate ao incêndio até à coordenação institucional.
“Um cenário com estas características obriga a um elevado empenhamento de diversas entidades”, afirmou, acrescentando que participaram no simulacro de hoje várias corporações de bombeiros da sub-região de Viseu Dão Lafões, a PSP, a GNR, o INEM, a Cruz Vermelha Portuguesa e serviços do município.
Segundo João Santos, o aeródromo de Viseu tem condições para operar 24 horas por dia, sendo o tipo de aeronave limitado pelo tamanho da pista (1.200 metros de comprimento e 30 metros de largura).
“Temos um sistema que foi montado muito recentemente para, em caso de uma urgência, os pilotos, através de telemóvel, poderem acionar a luzes da pista e aterrarem em segurança”, referiu.
O vice-presidente da Câmara de Viseu, João Paulo Gouveia, afirmou que existe “um conjunto de pessoas e equipamentos que estão de serviço específico ao aeródromo”.
“Temos um investimento no aeródromo de cerca de 350 mil euros por ano com todas as infraestruturas, nomeadamente ao nível da manutenção, o que é um valor francamente elevado. O município de Viseu faz este investimento, mas é para cobrir toda a região”, realçou.
No seu entender, a redução de voos da carreira aérea que liga Trás-os-Montes ao Algarve, concretizada há cerca de uma semana e que deixa a região servida apenas três dias da semana, é “uma machadada no interior e no Centro Norte do país”.
“Não compreendemos como é que há um abandono por parte do Governo naquilo que respeita a um serviço que é fundamental para o desenvolvimento de toda esta região”, acrescentou.
João Paulo Gouveia lembrou os investimentos que a autarquia fez nos últimos anos no aeródromo e que levaram a que aí fosse instalada uma escola de pilotos, o gabinete que investiga os acidentes com aeronaves e empresas ligadas ao combate a incêndios.