A Cabo Verde Airports, empresa do grupo Vinci que gere os aeroportos do arquipélago, deixará de prestar alguns serviços de apoio às companhias aéreas Air Senegal e Transportes Interilhas de Cabo Verde (TICV) a partir de segunda-feira, anunciou a empresa em comunicado.
A decisão visa “travar o aumento insustentável das avultadas quantias em dívida” pelas duas companhias, “não obstante as incansáveis tentativas, sem sucesso, de as fazer cumprir com as suas obrigações”, referiu a empresa.
“Nem mesmo as contrapropostas enviadas pelas companhias aéreas foram respeitadas”, acrescentou.
A Cabo Verde Airports assinalou que o “compromisso” assumido no contrato de concessão com o Estado para “desenvolvimento” do setor e “modernização dos aeroportos”, não é “compatível com a manutenção de companhias aéreas a operarem, sistematicamente, sem pagamento atempado”.
A situação pode “colocar em risco a sustentabilidade económica e financeira da empresa”, indicou.
A gestora aeroportuária disse ainda estar “ciente das consequências negativas” da decisão, considerando “prioritário e imprescindível que as companhias devedoras, TICV e Air Senegal, respeitem os planos acordados e paguem pelos serviços prestados”.
A Lusa questionou a concessionária sobre quais os serviços em causa e o que muda a partir de segunda-feira, mas ainda não obteve resposta.
Uma das companhias em causa, a TICV, também conhecida pela designação comercial BestFly, é a concessionária dos voos domésticos, garantindo as ligações diárias entre diferentes ilhas.
Questionada pela Lusa sobre o impacto da medida, fonte da companhia disse desconhecer os serviços que vão deixar de ser prestados, acrescentando não entender o intuito do comunicado da Cabo Verde Airports.
Segundo a mesma fonte, havia um plano de pagamentos em negociação e esforços a ser desenvolvidos para uma nova ronda de encontros a partir de segunda-feira.
Nenhuma das partes detalhou quais os valores envolvidos.
A Cabo Verde Airports é responsável pela gestão de quatro aeroportos internacionais nas ilhas de Santiago (Praia), Sal, São Vicente e Boa Vista, e três aeroportos domésticos em São Nicolau, Maio e Fogo.
A empresa é detida pela Vinci Airports (70%) e pela sua subsidiária portuguesa, ANA Aeroportos de Portugal (30%), através de um contrato de concessão de 40 anos.
No período, está previsto que todos os aeroportos passarão passem por mudanças “para otimizar o desempenho operacional, modernizar a infraestrutura, trazer mais eficiência, segurança e melhor experiência de viagem para os passageiros”, anunciou a Cabo Verde Airports.