A Ryanair anunciou hoje a redução de um avião na Madeira e a diminuição do tráfego no Porto e em Faro, no próximo ano, devido ao aumento das taxas aeroportuárias pela ANA/Vinci.
“Infelizmente, estamos aqui para anunciar cortes, porque fomos recentemente vítimas do monopólio da ANA/Vinci, que aumentou de forma extraordinária as taxas aeroportuárias para o próximo ano”, anunciou o presidente executivo da companhia aérea irlandesa, Michael O’Leary, em conferência de imprensa, em Lisboa.
A Ryanair decidiu, assim, tirar um dos dois aviões na base da Madeira em janeiro do próximo ano e reduzir o tráfego em Faro e no Porto, no próximo verão.A ANA – Aeroportos de Portugal reviu a proposta tarifária para 2024 nos aeroportos nacionais, propondo agora um aumento médio de 14,55% em termos globais, incluindo acertos de taxas não cobradas em anos anteriores.
Por aeroporto, a variação é maior em Lisboa, com 16,98% (+2,29 euros), com o Porto a aumentar 11,92% (+0,92 euros), Faro a subir 11,35% (+0,88 euros) e Beja 8,77% (+17,71 euros). Nos Açores proposta prevê uma subida de 7,47% (+0,57 euros) e na Madeira de 7,92% (+0,98 euros).
O presidente executivo da Ryanair realçou hoje que estes “aumentos excessivos e injustificados” vão “prejudicar o turismo e os empregos em Portugal, especialmente nas economias insulares da Madeira e dos Açores”.
O’Leary lamentou que em Portugal não se esteja a congelar ou reduzir as taxas aeroportuárias, tal como estão a fazer outros aeroportos europeus, para estimular o tráfego e a recuperação do turismo pós pandemia de covid-19.
A Ryanair apelou, assim, à Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) para que intervenha, congelando os aumentos propostos pela gestora dos aeroportos.
Adicionalmente, Michael O’Leary pediu também que o Governo português “reabra a concessão para o novo Aeroporto do Montijo, para quebrar o monopólio da ANA”.
Questionado sobre as outras possibilidades de localização para o novo aeroporto que estão a ser estudadas, o responsável da companhia irlandesa reiterou que “a solução para Lisboa é o Montijo” e instou o Governo a resolver a questão “de uma vez por todas”.
Numa conferência de imprensa com palavras duras apontadas ao Governo e à ANA, a quem chamou várias vezes de “incompetentes”, Michael O’Leary disse que o aeroporto de Lisboa podia crescer de 30 para 40 milhões de passageiros com uma gestão diferente e acusou a multinacional francesa Vinci de restringir propositadamente a capacidade na Portela.
A Ryanair já tinha fechado a base em Ponta Delgada, nos Açores, no inverno deste ano, também como reação ao aumento dos preços da ANA.
Relativamente ao atraso nas entregas de aviões da Boeing, que levou a companhia aérea a cancelar alguns voos a partir do final de outubro, Michael O’Leary explicou que, das 57 unidades que estavam previstas, deverão receber 10 a 12 até ao Natal e um total de 40 até ao final de junho.
“A situação na Europa vai ficar difícil no próximo verão, vai haver menos assentos disponíveis”, alertou o presidente executivo da Ryanair.