A maior edição de sempre do Dubai Airshow, um principais eventos mundiais dedicado às indústrias aeroespacial, espacial e de defesa, decorreu de 13 a 17 de novembro, no Dubai World Central (DWC).

A Aviação TV esteve presente na edição deste ano do Dubai Air Show (DAS) para relatar a atualidade deste importante evento do calendário aeronáutico.

Sob o tema ‘O Futuro da Indústria Aeroespacial’, a 18ª edição da bienal, reuniu líderes e inovadores da indústria para identificar tendências futuras e explorar oportunidades adicionais nas indústrias de aviação, espaço e defesa.

Mais de 1.400 expositores de 95 países e mais de 300 oradores internacionais estiveram para impulsionar a colaboração e o avanço tecnológico, explorar as últimas tendências e expandir os limites da inovação sustentável para o futuro.

Como em todos os grandes eventos do setor, há sempre alguns aspectos de organização a melhorar, mas em geral a vasta e experiente equipa que organiza o DAS, realizou um excelente trabalho. Comparando com outros eventos concorrentes, o Dubai Airshow, apresentou uma vasta exposição estática com mais de 190 aeronaves, numa área sem grandes vedações, permitindo ao visitantes circular livremente, passar por baixo e tocar muitas das aeronaves em exposição. Como é habitual nestes eventos, a maioria das aeronaves só podem ser visitadas por convite, no entanto, eram várias as aeronaves com acesso público. Casos como o C-130J e KC-46 da USAF, ou as duas aeronaves que captaram as atenções de todos: o Boeing 777-300ER “Game Changer” da Emirates, que apresenta a nova versão de primeira classe da companhia, bem como o majestoso A380 da Emirates que mostrou ao público uma cabine renovada no âmbito do programa multi-milionário de retrofit de interiores que está a decorrer.

A nossa equipa teve igualmente oportunidade de visitar a convite dos fabricantes, outras aeronaves, com destaque para as excelentes visitas ao Embraer 195 E2 “Profit Hunter” e o Embraer KC-390, o protótipo do fabricante que voa com as cores da Força Aérea Brasileira. Todos os detalhes vão estar disponíveis no nosso arquivo de imagens do canal de YouTube da Aviação TV.

A edição de 2023 do Dubai Airshow, contou com um excelente programa de diário de três horas de exibição aérea, que variou ao longo dos cinco dias do evento. Uma extensa e variada lista que incluiu, aeronaves comerciais, com destaque para o Boeing 777X e o Airbus A350, aeronaves militares, como o F-15, F-16, F-35, Mirage e Rafale e as patrulhas acrobáticas, Al Fursan, dos Emirados Árabes Unidos, os italianos Frecce Tricolori e os Russian Knights.

Na retina ficou também a abertura do Airshow, logo na segunda-feira, com uma passagem de cinco aeronaves de companhias dos Emirados (Emirates, Etihad, flyDubai e Air Arabia). Esta passagem contou com um Airbus A380 acompanhado da patrulha de exibição acrobática da Força Aérea dos Emirados, Al Fursan.

Ao longo dos cinco dias, diversas companhias aéreas e empresas de leasing anunciaram acordos com fabricantes, que incluíram pedidos feitos pela Airbus, Boeing e ATR. No entanto, ao longo dos cinco dias, o apogeu das encomendas foi atingido durante os primeiros dias, com os últimos dias da feira a entrar numa toada mais tranquila.

A principal tendência destas encomendas foi claramente o domínio das aeronaves “widebody”. A Emirates, Ethiopian Airlines, flydubai, EgyptAir, Royal Jordanian e Royal Air Maroc encomendaram aeronaves de fuselagem larga, incluindo o Airbus A350-900, Boeing 777X e 787s. Algumas companhias aéreas, como an Emirates, a EgyptAir e an Ethiopian Airlines, encomendaram aeronaves a ambas construtoras, Airbus e Boeing. Esperavam-se encomendas para a maior versão do A350, a versão -1000, mas depois das veementes declarações de Sir Tim Clark, presidente da Emirates, em relação ao descontentamento com os motores Rolls Royce que equipam o A350-1000, a Airbus saiu do Dubai sem pedidos firmes para a versão. Estas declarações centraram as atenções de toda imprensa, no que aparenta ser mais do que mera retórica negocial. Apesar deste diferendo que envolve a Emirates por um lado e a Airbus e a Rolls Royce por outro, a companhia com sede no Dubai acabou por encomendar 15 Airbus A350-900 antes do encerramento da semana.

A EgyptAir encomendou apenas o Airbus A350-900, com a companhia aérea egípcia celebrando um acordo com a Air Lease Corporation (ALC) para alugar 18 Boeing 737 MAX, o que significa que não encomendou nenhuma aeronave “widebody” da Boeing.

No total, todas as companhias aéreas mencionadas realizaram 199 encomendas de aeronaves “widebody”, excluindo as 15 opções da Ethiopian Airlines para o 787-9. A companhia africana assinou ainda um Memorando de Entendimento (MoU) com a Airbus para 11 A350-900.

A Emirates também foi a única companhia aérea a encomendar o Boeing 777X, com seu pedido de 90 aeronaves dividido entre 35 B777-8 e 55 B777-9. Estes pedidos acrescem a uma carteira de pedidos substancial de 115 777Xs, que a companhia do médio-oriente já tinha junto da Boeing. O fabricante norte-americano ainda luta para certificar o Boeing 777X junto da FAA, com as entregas das primeiras unidades à Emirates previstas agora para 2025. A companhia também reformulou a carteira de pedidos do Boeing 787, cancelando o pedido de 30 aeronaves 787-9 e escolhendo 20 aeronaves 787-8 e 15 aeronaves 787-9.

A flydubai surpreendeu ao encomendar à construtora norte-americana 30 Boeing 787-9, os primeiros aviões “widebody” que vão integrar a frota da companhia de baixo custo, com grande proximidade com a Emirates.

Como demos conta ao longo da semana, e em contraste com o Paris Air Show deste ano, o mercado de aeronaves “narrowbody” esteve mais arrefecido. Depois da enorme encomenda da indiana IndiGo em Le Bourget, o Dubai Airshow 2023 terminou com um conjunto de encomendas de aeronaves de corredor único muito inferior.

No primeiro dia do evento, a SunExpress, da Turquia, encomendou 90 737 MAX (45 opções), enquanto mais tarde, a SCAT Airlines do Cazaquistão adicionou mais oito B737 MAX à carteira de pedidos.

Mas o destaque para o Boeing 737 MAX veio da Ethiopian Airlines, cujos passageiros sofreram um acidente fatal com o tipo em março de 2019, resultando na paralisação do 737 MAX por mais de um ano e meio. Durante o anúncio, Mesfin Tasew, CEO do Ethiopian Airlines Group, disse que a companhia aérea agora está confiante no modelo, pois acredita que a Boeing corrigiu todas as falhas de design do B737 MAX após o acidente fatal há mais de quatro anos. No total, a companhia aérea africana encomendou 20 737 MAX com 21 opções adicionais.

A Airbus garantiu apenas uma única encomenda para aeronaves de corredor único. A airBaltic da Letónia continuou a confiar no seu modelo de negócio totalmente A220, encomendando 30 aeronaves deste tipo com mais 20 em opção, consolidando a posição de maior operador global de Airbus A220.

Na inevitável competição entre a Boeing e a Airbus, ficou claro que no Dubai a Boeing venceu a contenda. A fabricante europeia só conseguiu garantir quatro encomendas: 30 Airbus A220-300 da airBaltic, 10 A350-900 da EgyptAir, MoU para 11 A350-900 da Ethiopian Airlines e 15 encomendas de aeronaves A350-900 da Emirates. No total, a fabricante europeia de aviões adicionou 66 aeronaves à sua carteira de pedidos, o que inclui o memorando de entendimento que pode não se vir a concretizar.

A Boeing que tinha saído fortemente derrotada do Paris Air Show 2023, saiu do Dubai com um resultado de vendas bastante mais positivo. A construtora garantiu um total de 246 pedidos firmes. Isso pressupõe que a reorganização da carteira de pedidos do 787 por parte da Emirates.

Até ao fecho do evento, a brasileira Embraer saiu da bienal sem pedidos firmes registados. Contudo, em declarações informais do Press Officer da construtora com sede em São José dos Campos à Aviação TV, a empresa deverá em breve anunciar acordos com companhias ou governos de África e Ásia.

Com uma posição consolidada no panorama dos grandes eventos aeronáuticos, o Dubai Airshow regressa em 2025 com a organização a anunciar as datas da próxima edição.

A bienal regressa ao Dubai World Central (DWC) na semana de 17 a 21 de novembro de 2025.

Todos os artigos detalhados relativos à edição de 2023 estão disponíveis aqui.

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